terça-feira, 23 de julho de 2019

Quem foi Nicolau Maquiavel?





Niccolò di Bernardo dei Machiavelli, mais conhecido no Brasil como Nicolau Maquiavel, foi um filósofo que viveu e produziu entre os séculos XV e XVI, na região de Florença. Dedicou-se a explicação e compreensão do estado, politica e homens de estado como estes são na realidade, em oposição àqueles autores que formularam teorias acerca de como deveria ser o estado ou o governante ideal. Para além de descrever o estado de sua época, Maquiavel também apresentou estratégias e métodos sobre como os homens de estado deveriam comportar-se para tirar maior proveito da realidade, mantendo e expandindo o poder.
Maquiavel é visto como um proponente do que viria a ser o cientista empirista moderno, defendendo que expandir a partir da experiência e fatos históricos é o melhor método de se desenvolver uma filosofia consistente, especialmente em política, e que a teorização a partir da imaginação é inútil. Com esta aproximação, Maquiavel foi capaz de afastar a politica da teologia e da filosofia moral, desenvolvendo-a como uma disciplina em si mesma. Assim, contribuiu para a compreensão de como os governantes de fato agem e mesmo para a antecipação de seu comportamento. Defendeu o estudo da fundação de uma nação e a compreensão de seus elementos originais como essencial para a antecipação do futuro.
Grande dificuldade foi encontrada por autores posteriores ao tentar estabelecer a moral de Maquiavel. Devido a sua posição realista acerca da natureza e forma de manutenção do estado e suas instituições, especialmente sua descrição de como a desonestidade e a morte de inocentes pode ser útil aos políticos, em sua obra mais famosa, O Príncipe. Maquiavel foi criticado e repudiado veementemente por diversos estudiosos políticos e, especialmente, teóricos da moral, o que contribui para a associação de seu nome a uma característica inescrupulosa, com a criação do adjetivo "maquiavélico".
Por outro lado, autores como Baruch Spinoza, Jean-Jacques Rousseau e Denis Diderot defenderam que Maquiavel era na verdade um republicano e que suas ideias foram extremamente úteis para a compreensão do estado, inspirando o Iluminismo e consequentemente o desenvolvimento da filosofia politica democrática moderna. O autor italiano Benedetto Croce defendeu Maquiavel afirmando que sua posição era a aceitação de que, na realidade, as regras morais afetam muito pouco a ação e decisões dos políticos. A interpretação aceita atualmente é a de que Maquiavel se coloca como um cientista politico, procurando distinguir os fatos da vida politica dos valores do julgamento moral.
Encontramos em Maquiavel uma critica ao aristotelianismo teológico, aceito pela igreja, e a relação da igreja com o estado, que levaria muitas decisões práticas a serem tomadas com base em ideais imaginários. O aristotelianismo teológico foi a mais sofisticada forma de justificação do cristianismo e, na visão de Maquiavel, teve como efeito justificar a preguiça e inação das pessoas frente aos desafios da vida e da sociedade, ao esperar pela providência divina para solucionar tais desafios. Este posicionamento, de recusa da sorte e destino baseados em algo externo a vida humana, classificou Maquiavel como um humanista. Enquanto encontramos em filósofos como Platão a descrição da politica, tornando-o mais próximo de Maquiavel do que Aristóteles, tais filósofos sempre tiveram uma inclinação para posicionar a filosofia acima da politica, enquanto Maquiavel recusava qualquer ideia teleológica, aquelas que postulam causas finais ideais.
Embora seguidores de Maquiavel tenham preferido métodos mais pacíficos e baseados na economia para promover o desenvolvimento, é aceito que a posição de aceitação de riscos, ousadia, ambição e inovação que Maquiavel sugere aos lideres políticos ajudou a fundar novos modos de se fazer politica e negócios.

Referências bibliográficas:



Barbuto, Marcelo (2005), "Questa oblivione delle cose. Reflexiones sobre la cosmología de Maquiavelo (1469-1527)," Revista Daimon, 34, Universidad de Murcia.

BATH, S. Maquiavelismo: a prática política segundo Nicolau Maquiavel (São Paulo: Editora Ática). 1992.

Machiavelli, N. O Príncipe, a natureza do poder e as formas de conservá-lo. Tradução: Candida de Sampaio Bastos. Edição com comentários de Napolão Bonaparte e Rainha Cistina da Suécia. São Paulo. DLP. 2009

TENENTI, Alberto (1973). Florença na época dos Médici. Da cidade ao Estado. (São Paulo: Perspectiva). ISBN.
                            
                             

segunda-feira, 15 de julho de 2019

The Walking Dead e a Idade Média.

Fala pessoal, tudo jóia?! 
Sim é isso mesmo, o título não está errado, a aula de hoje é The Walking Dead e a Idade Média: tudo a ver !
Essa aula é para você que curtiu ou ainda curte essa série, principalmente para você que gastou todo o seu tempo assistindo a série e esqueceu de estudar, e agora está com alguma dificuldade para entender a Idade Média.
Mas vamos para o que interessa, muitas vezes, acabamos querendo estudar um evento ou um período da história como algo a parte ou separado do resto da história, e é por isso que geralmente se torna uma bagunça na nossa cabeça, por isso vamos voltar ao final do período conhecido como período ou Idade Antiga.
É no final desse período que Roma se torna de fato um Império, apenas no ano 27 a.C que Otávio assume o poder como imperador, dando início a um tempo de aparente paz e prosperidade em Roma. Nesse momento o Grande Império Romano, já não tinha grandes batalhas, grandes inimigos e muito menos grandes conquistas, e foi assim que sem perceber entraram em uma grande crise.

Vamos ao vídeo:


Veja o Rick e os policiais representam o Império Romano, que já não estão perseguindo os bandidos, eles estão parados, "esperando" em modo de defesa, até que quando percebem, já é tarde demais, os bandidos que representam as crises, já não são controláveis.
O primeiro bandido = com a estagnação das conquistas do império e com as novas leis romanas, já não se conseguiam muitos escravos, e alguns que restavam recebiam o direito de serem libertos e se tornavam cidadãos romanos, o que prejudicou muito as finanças do império. Mas de certa forma nesses dois primeiros séculos d.c o império se manteve e prosperou, até que os gastos se tornaram maior do que a renda do Império.
O segundo bandido = Nesse período de paz romana e de certo cortes nas despesas, o primeiro a sofre foi o exército que já não estava tanto em uso, por isso os grandes investimentos, dos quais faziam o exército ser um exército sempre em atividade de forma profissional, foi dando espaço para um exército menos qualificado e menos preparado, que se defendiam mais do que atacavam.
Agora o terceiro bandido = de fato é a representação maior dessa cena, como vimos o exército já estava fraco, e o que tinha de força estava sendo usado para combater nao os inimigos de fora, mas sim os "inimigos" de dentro. Sem perceber, quanto mais o império lutava contra o cristianismo, mais ele crescia, e quanto mais ele crescia mais uma grande mudança cultural acontecia de dentro pra fora. Esgotado financeiramente e fisicamente com as guerras internas, vendo seu inimigo crescer cada vez até não poderem lutar, quando por fim se tornaram amigos e o cristianismo se tornou parte do império, já era tarde e a falta de atenção, contra seus verdadeiros inimigos, fez com que o império desmoronasse.
Aqui quando o Imperio acordou para a realidade os "Bárbaros" ou povos germânicos, povos que viviam além das fronteiras, estando em necessidades e com fome, invadiram o império e saquearam tudo que tinha pela frente, de cidade em cidade até Roma, a capital do Império Ocidental, enquanto que no Oriente Constantinopla permanecia firme e fortemente protegida, mais tarde conhecido como Império Bizantino.


Vejam essa parte do vídeo, ele perdido, tenta ir para a grande cidade, achando que era mais seguro, até que percebeu que as cidades, os grandes centros não eram mais seguros, e o resultado foi a "ruralizacao feudal" e o início da Idade Média em 476 d.C

A partir desse momento, o foco da civilização não são mais as grandes cidades, por mais que ainda vemos certo movimento nas cidades, como podemos ver na quinta temporada, onde a Beth encontra sobreviventes, e uma busca por segurança e um local para viver tornou-se prioridade, um movimento "cultural", ler, escrever, criar, tudo se tornou secundário por um momento, culpa da Igreja Católica Apostólica Romana? Não, aliás ela era a única que tentava manter de pé o que restava do Império Romano, até que mais uma vez, o grande inimigo do império se tornou o império, com a conversão do líder dos invasores, primeiro a conversão de Clóvis em 496 d.C, mas principalmente com a conversão de Carlos Magno e união da igreja com o novo imperador em 800 d.C.
Mas enquanto a paz e a prosperidade não voltavam ao centros urbanos, criaram se novos centros, no TWD as comunidades, na história os feudos, que normalmente eram liderados por romanos descendentes de soldados de grande patente, mas principalmente pelo núcleo da "corte" romana, os nobres que fugiram das cidades antes que fossem tarde demais.
Aqui na sexta e sétima temporada encontramos comunidades estruturadas e tentando se estruturar, criando meios de sobrevivência, tecnologias para plantações e agriculturas, assim como foi na história.
Mas preste bem atenção nesse momento, aqui vemos a criação e domínio de novas comunidades, com lideranças diferentes, totalmente autônomas, mas que ainda sim estavam unidas e mais ainda, havia certa obrigação de obediência entre elas, veja: 
Rick sendo o primeiro líder ele era o senhor feudal E assim se tornou *suserano dos outros líderes de comunidade, que se ajudam e são obrigados a se defenderem tornando-se *vassalos, até que eles encontram um outro suserano que faz pela força outros vassalos, como é o caso do Negan, iniciando assim guerras entre os feudos.


Mudando um pouco de visão, olhando para dentro dos feudos vemos uma organização hierárquica que pode nos ajudar a entender melhor. 
Quem manda sempre é o senhor feudal, mas como nesse período tudo girava em torno da religião e o mais importante era a fé, o temor e o respeito pelo representante da igreja dentro dos feudos era tão grande que se tornava a única voz que podia se erguer além da voz do senhor feudal, criando um estrutura dividida  em 3 classes sociais.



  • O clero = Aquele que reza pelo povo e une a Deus
  • os guerreiros= Aqueles que cuidam e protegem o povo
  • Servos = cuidar e trabalhar para alimentar o povo e sustentar o feudo.
Assim cada um tinha uma função na sociedade e para a sociedade.

A partir daqui se inicia a 2 Idade Média, ou a baixa Idade Média, período que vai do século X ao XV com o fim da idade media, periodo que ainda não vimos acontecer na série TWD. E por isso falaremos dela em outra aula.
Espero que essa aula ajude a entender e a assimilar a matéria de forma mais fácil.



*Significado de Suserano

Indivíduo que, no feudalismo, era responsável e tinha o domínio do feudo principal de que dependiam outros feudos e vassalos; senhor feudal.

*Significado de Vassalo

O vassalo era o indivíduo que pedia algum benefício a um nobre superior e, em troca, fazia um juramento de absoluta fidelidade a este. Quem se tornasse vassalo deveria se submeter às ordens impostas em acordo com o seu soberano.

Os vassalos eram geralmente recompensados com um feudo que poderia ser terras, cargos, lugar num sistema de produção ou outros benefícios.