segunda-feira, 28 de maio de 2018

America e sua população antes da Colonização

Nessa unidade, estudaremos a América antes dos descobrimentos. Discutiremos algumas das teorias sobre a presença humana no continente americano e sua dispersão. Aparentemente simples, são polêmicas no âmbito das ciências, tais como a Antropologia e a Arqueologia. Serão apresentadas aqui de modo sintético. Discutiremos as diferentes formas de organização social das populações autóctones e algumas tipologias classificatórias. Apresentaremos desde as sociedades ditas tribais até as chamadas Altas Culturas da América. Muita atenção e leitura são necessárias para escapar das armadilhas da simplificação. Discutiremos, ainda, o conceito de índio e estaremos aptos a perceber as diferenças entre as sociedades indígenas e instrumentadas. Poderemos entender, portanto, as implicações dessas diferenças no processo de colonização e estabelecimento de sociedades na América colonial.
Os seres humanos não são originários da América. Esse é um dos poucos consensos entre os cientistas que pesquisam o tema. Tem-se na África o berço da humanidade, mais precisamente nas regiões da África Oriental e do Sul. Os sítios arqueológicos mais importantes e com mais resquícios da origem dos humanos estão localizados na África do Sul, no Quênia, na Tanzânia e na Etiópia. No entanto, grandes problemas se colocam. Chamamos a atenção para três:

1)    Saber como deslocaram-se até a América, separada da Europa e África Ocidental pelo oceano Atlântico e separada da Ásia e África Oriental pelo oceano Pacífico. São grandes distâncias percorridas por seres humanos que não tinham muitos recursos técnicos ou tecnológicos.

2) Saber quando isso se deu.

3) Saber por onde ingressaram no continente.     

São questões polêmicas que não são recentes. Nas últimas décadas, com a intensificação da pesquisa em vários centros, fortaleceram-se certas hipóteses antes pouco consideradas. Principais teorias da chegada do homem na América e sua dispersão no território americano.

As diferentes formas de organização da população ameríndia

As levas migratórias que ingressaram ao norte da América do Norte, por milênios, avançaram nas direções sul e leste do continente. Nem todas oriundas dos mesmos grupos, povoaram a América. Os principais e mais antigos vestígios estão associados à sobrevivência, tais como pontas de flechas e lanças para a caça e combates. Os grupos empreenderam formas de organização diferentes. Organizações tradicionais do tipo tribal coexistiram com outras formas complexas de organização, com clara divisão social de trabalho e com estrutura de Estado. As tribos nômades e seminômades, em todo o continente, usualmente adotavam a caça e a coleta como meios de subsistência, com alguma agricultura também. De modo geral, agricultura e cerâmica competiam às mulheres enquanto a caça e a pesca aos homens.
Nas sociedades complexas, além da caça e coleta, a agricultura era desenvolvida e irrigada. Em todas havia líderes religiosos que podiam ser, também, líderes políticos. As altas culturas ameríndias: organização social Região Andina Central (América do Sul): Caral, Chavín, Paracas, Moche, Tihuanaco, Chimu, Tahuantisuyo (ou Inca).

O que é índio?

1) Teoria da Travessia pelo Estreito de Bering: na última glaciação, entre 100.000 e 10.000 anos atrás aproximadamente, o mar do Estreito de Bering baixou e congelou, dando passagem a muitas levas de humanos e animais há 40.000 anos. Finda a glaciação, os continentes ficaram novamente separados.
2) Teoria dos arquipélagos malaio-polinésios: Paul Rivet diz ter ocorrido a migração em pequenas embarcações pelo Pacífico, povoando ilhas e indo até a América, há 52.000 anos.
3) Teoria do Oceano Pacífico: Walter Neves, pesquisador da Universidade de São Paulo (USP), vê o ingresso em duas levas – uma de população negroide, há 14.000 anos, que se extinguiu; outra de população asiática, há 12.000 anos, ancestrais dos indígenas brasileiros.
4) Teoria do Atlântico: Niède Guidon, arqueóloga brasileira, afirma ter encontrado vestígios humanos datados de 50.000 anos no Piauí e declara que sua população de origem chegou via Oceano Atlântico. Notem que não são teorias excludentes. Todas podem ser verdadeiras. As levas migratórias que ingressaram ao norte da América do Norte, por milênios, avançaram nas direções sul e leste do continente. Nem todas oriundas dos mesmos grupos, povoaram a América. Os principais e mais antigos vestígios estão associados à sobrevivência, tais como pontas de flechas e lanças para a caça e combates. Os grupos empreenderam formas de organização diferentes. Organizações tradicionais do tipo tribal coexistiram com outras formas complexas de organização, com clara divisão social de trabalho e com estrutura de Estado.
As altas culturas criaram cidades, sistemas de irrigação, cerâmica, metalurgia, calendários, ensino e escolas, comércio e contabilidade com “impostos” pagos em produtos ou trabalho. Na Mesoamérica, havia sistemas de escrita e o cacau era uma semimoeda. Na Região Andina Central houve a criação de animais. Nela, praticavam a guerra de conquista e construíram impérios. Os pesquisadores chamam Horizontes a periodização das altas culturas. Viveram e ainda vivem na América muitos agrupamentos humanos chamados índios. As zonas climáticas e ambientais habitadas foram e são variadas; diferentes foram as soluções para a sua exploração. Havia e há muita diversidade.  Observem: é usual chamar todas essas populações de índios, sem distinção. Essa postura tem origem no equívoco de Colombo, que acreditou chegar à Índia quando aportou no mar do Caribe, mas não explica a continuidade do uso desse conceito cunhado no período colonial. A explicação está no modo como os europeus, desde os descobrimentos, viam os outros: diferentes, primitivos, inferiores, igualados em seu atraso perante a ideia de civilização e sociedade europeias da época. Eram vistos ao mesmo tempo como infantis, pobres e incivilizados, demandando tutela, mudanças no modo de produzir e “civilidade” ao modo europeu. O conceito índio foi historicamente construído à custa da dignidade e da vida dos nativos. O homem não é originário da América, chegou a ela em migrações que ainda estão sendo pesquisadas. Nessas terras viveram e ainda vivem em sociedade muitos grupos nativos. Antes dos europeus, os mais simples eram de organização tribal. Os mais complexos, com Estado centralizado e divisão social de trabalho, formavam, por vezes, verdadeiros impérios. As sociedades tribais estavam presentes em todo o território e as complexas concentravam-se na Mesoamérica e nos Andes. As tribais, majoritariamente, praticavam a caça, a coleta e a agricultura de milho, mandioca, feijão e outras espécies, ainda produziam artefatos em pedra, cerâmica e fibras vegetais. As complexas, além disso, apoiavam-se em uma agricultura mais sistemática e irrigada, construíam cidades e praticavam o comércio. Algumas também domesticavam animais. Todos esses habitantes foram chamados de índios pelos europeus, denominação que até hoje perdura. Essas populações ainda clamam por respeito.

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