Religião Na Pré-História
É
preciso, antes de tratarmos sobre o tema, saber sobre o período descrito. Pré-
história designa tudo o que se passou desde o aparecimento do primeiro ser com
postura ereta, até o tempo em que surgi a escrita. O termo foi cunhado com o
pré-conceito de que, se não houvesse escrita, não haveria história para contar.
No entanto, há muito tempo já não se pensa mais desse modo. O desenvolvimento
da arqueologia, paleontologia, antropologia, e várias outras logias,
possibilitaram o estudo e compreensão da vida do homem pré-histórico, mesmo que
embrenhada em nevoeiros e barrancos. As dificuldades são muito grandes, mas,
devemos lembrar que, mesmo os textos escritos, são passiveis de enganos, pois,
a versão de quem escreve, não é verdade absoluta.
Para melhor compreensão
desse longo tempo histórico, dividiu-se ele em período Paleolítico e Neolítico.
O primeiro se inicia com o surgimento dos hominídeos por volta de 4 a 2 milhões
de anos até, 10.000 a.c, data em que o gelo das extremidades do globo derreteu,
mudando o clima do planeta. O segundo, se conta dessa mudança climática até a
produção da escrita, por volta de 4.000 a.c.
Outro
ponto a esclarecer é que a cronologia adotada, ou seja, a utilizada pelos
acadêmicos, é baseada nos primeiros eventos ocorridos no globo. Por exemplo,
quando dizemos que a pré-história acaba com a utilização da escrita,
automaticamente, declaramos que alguns indígenas brasileiros até pouco tempo
viviam na pré-história. Mas, isso não denota inferioridade em relação a nossos
indígenas. É importante compreender, que cada grupo humano em seu território
geográfico, se desenvolveu do seu modo, de acordo com suas necessidades. Um
grupo não é superior ao outro por possuir mais tecnologia. A condição
climática, geográfica, hidrográfica, entre outros, do território habitado, é
que conduz as atividades humanas. A terra do Brasil oferecia ao índio, uma rica
diversidade natural, dando-o privilégio de uma vida farta, sem maiores
complicações.
O
indicio mais antigo de prática relacionada à religião do homem e mulher pré-
histórico, é o sepultamento. Que está intimamente ligada, as fontes mais
antigas e numerosas da pré-história, que são as ossadas. A prática da inumação
revela uma preocupação com a vida após a morte. Isso é mais ressaltado ainda,
nos detalhes de preparação e adereços encontrados em inúmeras sepulturas. Por
exemplo, o ocre vermelho salpicado em cadáveres, é universalmente encontrado,
podendo ser substituto ritual do sangue, símbolo da vida. A posição que o corpo
é encontrado, também é coberta de significado. Ele é virado para o leste,
marcando a intenção de tornar o destino da alma solidário com o curso do Sol,
portanto a esperança de um renascimento. E também é posto em forma fetal, tendo
a terra, no caso a cova, o simbolismo do útero.
Oferendas
de alimentos e diversos objetos de adorno como colares, são encontrados
depositados em túmulos. Encontraram também, cuidadosamente dispostas em torno e
sobre os cadáveres, conchas de moluscos. Essas conchas possuem a forma de
vagina, parecendo estar associadas a algum tipo primitivo de adoração da
deidade feminina. As formas mais numerosas, evidentes e explicitas de culto
religioso feito pelo homem e mulher do Paleolítico até o momento é datado por
volta de 35.000 ac. Foram elas, as grutas/santuários com suas pinturas e as
inúmeras estatuetas femininas. Como as pinturas se encontram muito longe da
entrada da gruta, sendo muito delas inabitáveis, com dificuldades de acesso, os
pesquisadores concluíram que elas são uma espécie de santuário. As pinturas
revelam ainda mais o caráter sagrado e ritualístico do lugar. Duas temáticas
decifradas e discutidas por pesquisadores são a de danças rituais e seções
xamânicas. As estatuetas femininas representam o “culto da fertilidade”
praticado por esses humanos. Esculpidas em pedra, osso ou marfim, possuem
nádegas, seios e barrigas volumosas, além de terem a vulva sempre à mostra.
Representam a “Grande Mãe” a “Deusa”. André Leroi-Gourhan constata que a arte
desse período expressa alguma forma incipiente de religião, na qual figuras e
símbolos femininos ocupam posição central. Esse pensamento vai ser corroborado
quando das descobertas referentes ao período Neolítico. As geleiras
recuaram, o clima do planeta esquentou, e sua paisagem mudou. Fauna e flora modificadas
aconteceu a maior revolução da história do homem. Ocorreu a domesticação das
plantas, ou seja, a invenção da agricultura, a domesticação de animais e o
sedentarismo. Mas, a criatividade religiosa no neolítico foi despertada menos
pelo fenômeno empírico da agricultura, do que pelo mistério do nascimento, da
morte e do renascimento identificado no ritmo da vegetação. As crises que põem
a colheita em perigo (inundações, secas etc.) serão traduzidas, para serem
compreendidas, aceitas e dominadas, em dramas mitológicos. A mulher teve um
papel decisivo para a domesticação das plantas, ela que conhecia o “mistério”
da criação. Fértil e fecunda como a terra, foi responsável pela abundancia das
colheitas. Em todos os sítios arqueológicos do neolítico encontramos a religião
centrada no culto à Deusa. Por exemplo, em Catal Huyuk, A principal divindade é
a deusa, apresentada sob três aspectos: mulher jovem, mãe dando à luz um filho
(ou um touro), e velha (acompanhadas as vezes de uma ave de rapina). A divindade
masculina aparece sob a forma de uma rapaz adolescente – o filho ou o amante da
deusa – e de um adulto barbudo, ocasionalmente montado sobre um animal sagrado,
o touro. (ELIADE, 2010, p.55).
A
Longa Viagem...
Os
grupos humanos empreitaram longas viagens em busca de sobreviverem as
intempéries da jornada da vida, que naquele tempo eram muito mais cheias de
mistérios a desbravar. O frio da Era do gelo, somados a escassez de alimento e
o perigo constante da morte, tornava a vida recheada de desafios a vencer. É
assim que aos poucos nossos antepassados vão criando a cultura.
Melhor
dizendo, eles vão criando aS culturas, pois, em suas grandes caminhadas cada
grupo vai se instalando em um território, ou dá continuidade ao trajeto, em
busca de um abrigo melhor. Quando um grupo se sedentariza em determinada
região, ele começa a criar raízes com esse lugar. Cria uma interação tão
grande, que até sua aparência física começa a se adaptar a terra. Por exemplo,
seus olhos e peles se tornam claros, se o sol for fraco, e seu corpo não
precisar mais produzir melanina para se proteger. O grupo que aos poucos
desenvolveu sua linguagem para se comunicar, começa a ensinar as crianças como
eles compreendem a vida. E essa compreensão vai variar, de grupo para grupo, ou
seja, de povo para povo. Uma aldeia na África, no deserto do Saara, não vai
entender o mundo do mesmo jeito que os esquimós, no gelo da Sibéria. São
paisagens muito diferentes, portanto, seus mitos, seus deuses, suas leis, suas
noções de certo e errado, serão também muito diferentes. Ou seja, suas
culturas/religiões serão muito diferentes
WR Educacional
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